quinta-feira, 24 de julho de 2008

...quase no fim.


"Tudo" é tão previsível, não é mesmo?
Esse "Tudo", era algo o qual eu já dizia.
Já sabia. Já disse. Afirmei com total certeza.

Aos poucos vejo aquilo que construí, com esmero e afeição, ir por água abaixo.
Quase como um castelo de areia na praia.
Ele fica alí... está perfeito, nítido e belo.

Logo, o vento começa a soprar.
Grão a grão, e meu castelo está ficando desfigurado. Perdem-se os detalhes.
Porém, ele ainda resiste. Sólido e unido.

A maré abre sua boca, de longe, tentando amedrontar os grãos que encaram o vento.
Aproximando-se lentamente, como uma serpente prestes a abocanhar sua presa.

Quase noite.

Meu castelo, quase sem forças, ainda resiste ao vento gelado.
E a maré, cada vez mais perto, até que engole meu castelo.
Ele adquire uma forma, a qual já não é mais aquele castelo rígido e esbelto.
Ficou em minha mente, e nunca mais será o mesmo.

Por mais que isso pareça nostálgico, digo que já sabia qual seria o triste fim do castelo.
Assim, como o triste fim de "Tudo".

Não posso fazer mais nada.
Fiz o que pude, e tentei fazer o que pude.
Mas não agrado... não sei, e não irei agradar.
Não sei o que fiz, o que é pior.

Novamente, peço perdão.
Porém, nada posso fazer... não são meus pés que precisam tocar o chão.
Não serei eu que refarei o caminho na grama macia.
Não serei eu que rirei como antigamente, e contarei as velhas piadas.
Não serei eu, que enrolarei o novelo de lã...

De minha parte, juro, fiz o possível.
Não mais...

Apenas, perdão.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Ódio


Algo como lava vulcânica escorre em meu estômago.
Um odor pútrido sobe, e sinto meu corpo pesar toneladas.
Pensar torna-se algo opcional. Querendo, ou não, minha mente quer ver algo quebrar, algo explodir.

Tenho vontade de esmurrar qualquer coisa.
Uma vontade, súbita, de deformar e destruir.
Ensurdeço, e só vejo o que quero ver.

Quando tudo passa, uma tristeza que assola.
É como se uma cadeira quebrasse em minhas costas, como se me acertassem com um pedaço de madeira.

A única coisa que quero fazer, é sumir... esquecer.

Ódio.
Ódio de minha incompetência.
Ódio de atos parvos, os quais cometo.
Ódio, de ferir as pessoas as quais faço questão da companhia.
Ódio do meu ser, e dos que insistem em atrapalhar o rumo que o Rio da Vida percorre.
Vivo de ódio.

Pra que transpor a vida, se o fim da mesma é a morte?

Auto-destruição


Perdido, numa noite a qual nada prometia.
Perdido, simplesmente por vontade própria.

Nada me obriga a voltar, ninguém me diz o que fazer.
Livre em minha mente, por alguns instantes.

Autocritico-me, sem relevar erros. Apenas ouço e compreendo.
Não quero ultrapassar limites, não quero derrubar portas, não quero destruir trancas.
Estão ali, estarão ali... minha curiosidade é pertinente à situação.

Mas, em momentos... um aperto.

Sensação de quase morte, uma alienação mortal.
Bocejos me alertam de uma possível fatalidade.
Não posso ceder, porém não tenho como lutar.

Pouco a pouco, minha visão fica turva, minha respiração fica alterada, e tremo.
Tremo, não do frio inexistente e nem do suor exagerado.
Tremo, não de medo, e nem de ansiedade.

Tremo, pois sinto a mão da morte em meu ombro, como se dissesse: -"Perdestes...em minhas mãos, estás por muitíssimo pouco.
É involuntário.

Porém, não me sinto nervoso. Poucas vezes, senti-me em pânico.
Não consigo falar e muito menos pensar.
Palavras saem distorcidas, minha visão fica limitada a borrões, e não consigo tomar simples decisões.
Recupero-me como posso, e aos poucos.

É como se não fosse eu.
Muitas vezes, não me recordo do que ocorreu.

Confesso, que muitas vezes tenho curiosidade em testar os limites.
Ver até onde posso ir, e quando posso voltar.

Juro.
É raro eu dizer: "Ajude-me!".
Sei que posso voltar sozinho, sei que não vou morrer.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Past/Pest


Sofri em lembrar.
No começo, era fácil.
Apenas fácil. Não muito, porém fácil.

Havia assistência...era ótimo.
Essa assistência, vivia comigo, e me ajudava a todo momento.

O tempo passou, e levou com ele, parte da vitalidade de minha assistência.
Logo, comecei a compreender e fortalecer-me aos poucos.
Ensinaram-me, parte do que podia ou não, fazer.
Fugia para um caminho, e alí julgaram-me por rebeldia.
Era açoitado toda vez que cometesse uma quebra de regras.

Aprendi a persistir.
Não tardo a dizer, que o número de açoites era cada vez maior.
E também, que aos poucos minha assistência esvaía-se.

E o tempo corria.
Compreensão. Foi aí que assinei um tratado para ser martirizado.
Descobri, que o certo era errado;e que o grande era pequeno.

Perdi noites, tardes, amigos, amores, viagens...enfim, lutas.
Batalhas, de uma guerra eterna, chamada "vida".
Minha sede por um tipo de conhecimento, aumentava.
Porém, minha assistência não supria os gastos, e tive que correr atrás de minhas vontades, sozinho.
"Eu não sou especial", dizia.

A sociedade, era burra e ignorante.
Porém, a mesma criava regras... estúpidas e sem escrúpulos.
Nisso, fugi de minha assistência.
Não era mais açoitado, e sim, penalizado.

O tempo passou, e passou.
O carrasco, perde sua máscara.

Impeliam-me de fazer cada vez mais.
Eles chamavam de "impossível".
E eu os superei.
Realmente...não há chance para erros.

Minha assistência virou minha amiga.
Eventualmente, nos falamos.

Cortes e cicatrizes, que voltam periodicamente.
Porém, sempre que voltam, cortes e cicatrizes transformam-se em calos.
E cada vez mais, dói menos.

Eu procurava onde minhas mãos deveriam estar.
E elas não estavam.
Qualquer um é capaz.
Eles não acreditam.

Desejo de amar, medo de meu ego.
Não sei arriscar.
Quando se é frio e calculista, arriscar é para tolos.
Meticulosamente calculados.

Não me lembro de amar.
Parece uma regressão.

Um mundo feito de escolhas.
Mas como disse:eu não sou especial.
Qualquer um pode.
Basta saber qual caminho seguir.