sábado, 27 de setembro de 2008
Ondas e amor; borboletas e catástrofes
Tenho de confessar... já fui adepto do Caos.
Sim e - modéstia à parte - dos melhores.
Frio e calculista, um assassino da verdade.
Meu prazer era ver os tolos correndo em círculos, apavorados, apenas por temerem a pena tocar o chão, causando um terremoto.
Rá! O quão simples era armar um plano em que eu apenas persuadia alguém a acender o pavio.
A princípio, eu tinha medo... não de dar errado, pois o plano era digno de premiação suprema, quase como um crime perfeito.
Porém, meu medo era ser julgado por tudo o que cometi. Como iriam descobrir? Não podem obter provas inexistentes.
- Em dias tediosos como este, mal esperam as pessoas por uma revolução, não é mesmo? Ninguém prevê que o inesperado possa acontecer num momento tão pacato, não é? - perguntei ao tolo.
- Sim! Esse tédio ainda me mata! - retrucou o tolo.
Logo depois, via meu plano sendo completamente executado com perfeição. Alguns em pânico, outros com a ira despertada.
E ninguém suspeitava quem havia arquitetado tal peripécia.
Hoje, o Caos não me interessa, e tão pouco a Ordem.
Digamos que prefiro estar Neutro, pois, numa "batalha" como essa não é necessário "soldados".
É natureza.
Aos poucos, me vi transformado num fantasma.
Alí, invisível, consegui observar tudo o que ocorria.
Tramóias, conspirações, mentiras, verdades, ofensas, batalhas... absorvi tudo aquilo, apenas com o erro do próximo.
Neste mesmo momento, eu descobri a misantropia.
Enquanto todos faziam os mais irritantes ruídos, eu preferia observar aquele antro de acéfalos, debatendo-se feito peixes fisgados numa rede. A música era minha única amiga.
Ora, caro amigo... preferes sofrer, ou ter o poder de assistir ao sofrimento alheio, enquanto absorve lições daquele momento?
Pois bem. O sensato evita a dor, quando sabe que aquela irá lhe torturar por "eternidades em minutos".
Não que o tolo goste de sofrer, mas ele sabe que não pode evitar o sofrimento, então age feito um parvo, cometendo peripécias dignas de um torpe... aquilo lhe afetará, mas ele jamais conseguirá tirar a lição mais importante do erro.
Vide, pois, os lunáticos.
Agem feito cegos em uma sala quadrada;
Procura a saída, contudo, batendo-se contra as paredes.
Ele nunca irá achar a porta, até descobrir a verdade... depois disso suicida-se, decepcionado, ou enlouquece, criando portas, janelas, e saídas para o "nada".
... um belo exemplo de Caos.
Como é bom ser neutro.
Vejo ambos os lados degladiando-se rumo ao nada, e ainda absorvo lições por osmose.
O mundo tem uma perspectiva tão... simples. Chega a ser ridículo.
Que coisa mais fútil e deplorável.
Cansei de minha pessoa.
Preciso hibernar.
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