domingo, 24 de agosto de 2008

Besta-fera


Às vezes, sinto como se tivesse uma besta dentro de mim.
Em minha essência e alma.

Mas, eu sou a jaula que prende tal besta.
Contenho-a, e alimento-a.
Tudo depende do que faço, como faço e porquê faço.

Preciso gastar minhas energias, preciso soltar a besta.
Em meu momento de liberdade, a besta é solta. Age como um cordeiro, enquanto alegra-se pelo fato de estar livre.

Mas há momentos... momentos, em que a situação sai de meu controle.

Há momentos em que, ódio e agonia, são como cicatrizes reabertas.
A besta furiosa, foge da jaula.
E ataca a todos, por mais que seu intuito seja apenas "fugir" daquilo que lhe fere.

Quer, apenas um momento.
Quer, sentir a brisa da liberdade.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Noite esfumaçada...


Chego, mais uma vez, ao final do dia.
Cansado, talvez arrependido, talvez feliz... mas rindo.
Numa noite esfumaçada, e eu nem sentia.
Cego, tolo, e surdo... mas rindo.

Ha, ha, ha...
Ha, ha, ha, ha!
"Mais feliz!", quem dirá?
"O que houve e o que há!"

Num bate-som, meio oco
Espanto o que chamam de tristeza.
Ainda estou rindo, e quase levo um soco!

Nessa noite esfumaçada.

Rindo das tolices.
Das minhas e das tuas!
Como somos tolos! Em gênero e espécie!
Meio tonto, tropeçando nessas ruas.

Ria também... ria, para não entristecer.
Os velhos voltando, aqueles que haviam sumido, voltaram!
Todos riem, falam alto e sorriem!
Riem das tolices, dizem tolices, e são felizes.
Rimos, dessa noite esfumaçada.

Fui feliz, volto a ser feliz... convosco!

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Reviravolta no final do dia... e triste.


Corro atrás de minha meta, almejando apenas alcançar parte desse objetivo.

A perfeição de uma paisagem repleta de rosas, e com um odor doce, espinhos ferem-me.
Quem planta-as, aconselha-me. Não ouço... perdão.
A pressa comprime meus ouvidos.

Os cortes e arranhões já estavam alí. De um segredo passado e perturbado.
Perco pelo cansaço... não choro, não desisto.
Chegarei atrasado.
Se tiver tempo, me espere.

Caso contrário, seguirei sozinho... como sempre.
É sempre minha culpa.

Uma chuva de mentiras.
Contenho as lágrimas em meus olhos.
Secam.
Amargura cortante... não consigo.
Queria te pedir perdão, queria poder curvar-me.
Mas não consigo... não consigo.
Não saberei o que dizer, não serei eu...

Quem confiou à mim, em mim, por mim.
Não sei mais o que dizer a vocês.
Não quero que esvaiam em minha mente.
Não quero perder as lembranças boas, os risos, as tristezas divididas.

Sou tomado por um orgulho que me destrói pouco a pouco.
Sinto que irei morrer disso, por isso.

"A noite abre sua capa
O nome da criança é solidão
Está gelada e imóvel
Eu choro suavemente no tempo
Eu não sei qual é seu nome
Mas eu sei que você existe
Eu sei que qualquer dia
Alguém irá me amar "

Tarde demais.
Mais uma em que perco.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Clave de chuva


Céu cinza, e uma leve garoa.
Melodia e harmonia encontram-se.

Por mais que o tempo corra, estou disposto a ouvir uma última canção.
O piano toca, mostrando trilhas e caminhos.

É como um soneto.

Sigo, sem sinais.
E a última canção, pára.

Uma nova oportunidade surge, diante de uma chuva de ácido.

Torçam por mim... odeio chuva.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

...quase no fim.


"Tudo" é tão previsível, não é mesmo?
Esse "Tudo", era algo o qual eu já dizia.
Já sabia. Já disse. Afirmei com total certeza.

Aos poucos vejo aquilo que construí, com esmero e afeição, ir por água abaixo.
Quase como um castelo de areia na praia.
Ele fica alí... está perfeito, nítido e belo.

Logo, o vento começa a soprar.
Grão a grão, e meu castelo está ficando desfigurado. Perdem-se os detalhes.
Porém, ele ainda resiste. Sólido e unido.

A maré abre sua boca, de longe, tentando amedrontar os grãos que encaram o vento.
Aproximando-se lentamente, como uma serpente prestes a abocanhar sua presa.

Quase noite.

Meu castelo, quase sem forças, ainda resiste ao vento gelado.
E a maré, cada vez mais perto, até que engole meu castelo.
Ele adquire uma forma, a qual já não é mais aquele castelo rígido e esbelto.
Ficou em minha mente, e nunca mais será o mesmo.

Por mais que isso pareça nostálgico, digo que já sabia qual seria o triste fim do castelo.
Assim, como o triste fim de "Tudo".

Não posso fazer mais nada.
Fiz o que pude, e tentei fazer o que pude.
Mas não agrado... não sei, e não irei agradar.
Não sei o que fiz, o que é pior.

Novamente, peço perdão.
Porém, nada posso fazer... não são meus pés que precisam tocar o chão.
Não serei eu que refarei o caminho na grama macia.
Não serei eu que rirei como antigamente, e contarei as velhas piadas.
Não serei eu, que enrolarei o novelo de lã...

De minha parte, juro, fiz o possível.
Não mais...

Apenas, perdão.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Ódio


Algo como lava vulcânica escorre em meu estômago.
Um odor pútrido sobe, e sinto meu corpo pesar toneladas.
Pensar torna-se algo opcional. Querendo, ou não, minha mente quer ver algo quebrar, algo explodir.

Tenho vontade de esmurrar qualquer coisa.
Uma vontade, súbita, de deformar e destruir.
Ensurdeço, e só vejo o que quero ver.

Quando tudo passa, uma tristeza que assola.
É como se uma cadeira quebrasse em minhas costas, como se me acertassem com um pedaço de madeira.

A única coisa que quero fazer, é sumir... esquecer.

Ódio.
Ódio de minha incompetência.
Ódio de atos parvos, os quais cometo.
Ódio, de ferir as pessoas as quais faço questão da companhia.
Ódio do meu ser, e dos que insistem em atrapalhar o rumo que o Rio da Vida percorre.
Vivo de ódio.

Pra que transpor a vida, se o fim da mesma é a morte?

Auto-destruição


Perdido, numa noite a qual nada prometia.
Perdido, simplesmente por vontade própria.

Nada me obriga a voltar, ninguém me diz o que fazer.
Livre em minha mente, por alguns instantes.

Autocritico-me, sem relevar erros. Apenas ouço e compreendo.
Não quero ultrapassar limites, não quero derrubar portas, não quero destruir trancas.
Estão ali, estarão ali... minha curiosidade é pertinente à situação.

Mas, em momentos... um aperto.

Sensação de quase morte, uma alienação mortal.
Bocejos me alertam de uma possível fatalidade.
Não posso ceder, porém não tenho como lutar.

Pouco a pouco, minha visão fica turva, minha respiração fica alterada, e tremo.
Tremo, não do frio inexistente e nem do suor exagerado.
Tremo, não de medo, e nem de ansiedade.

Tremo, pois sinto a mão da morte em meu ombro, como se dissesse: -"Perdestes...em minhas mãos, estás por muitíssimo pouco.
É involuntário.

Porém, não me sinto nervoso. Poucas vezes, senti-me em pânico.
Não consigo falar e muito menos pensar.
Palavras saem distorcidas, minha visão fica limitada a borrões, e não consigo tomar simples decisões.
Recupero-me como posso, e aos poucos.

É como se não fosse eu.
Muitas vezes, não me recordo do que ocorreu.

Confesso, que muitas vezes tenho curiosidade em testar os limites.
Ver até onde posso ir, e quando posso voltar.

Juro.
É raro eu dizer: "Ajude-me!".
Sei que posso voltar sozinho, sei que não vou morrer.